A ameaça é séria: todos os
anos o mar tem vindo a ganhar terreno sobre a linha costeira. Neste post vou
falar do caso concreto do perigo de extinção de praias entre Cortegaça e Mira,
zona norte de Portugal.
A considerável redução da
largura de algumas praias entre a Cortegaça e Mira, e o aparecimento de novas
aberturas entre o mar e a ria de Aveiro, estão a preocupar investigadores e a
população local.
Os investigadores da
Universidade de Aveiro usaram um avançado modelo numérico de simulação do
avanço do Atlântico sobre a linha de costa para os trechos costeiros entre
Cortegaça e a Praia de Mira (Cortegaça-Furadouro e Vagueira-Mira) que resultou
em previsões a 30 anos bastante graves, nesta zona que é uma das zonas do país
onde mais se sentem os efeitos da erosão costeira. Desenvolvida por um
investigador do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro, a
inovadora ferramenta consegue projectar, com uma margem de erro aparentemente reduzida,
o futuro da linha costeira em determinado local. Assim, com base nos dados
recolhidos e estudados relativos à evolução da linha de costa nos últimos 10
anos, partindo do princípio de que as condições actuais se vão manter, daqui a
30 anos o areal das praias das frentes urbanas protegidas tenderá a desaparecer
e tenderá a criar-se, a sul da Vagueira, uma ligação entre a laguna de Aveiro e
o mar. Apenas o troço litoral entre as praias de São Jacinto e a Torreira, nomeadamente
à entrada do Porto Comercial de Aveiro, onde existe um molhe, deverá registar
uma evolução mais positiva, uma vez que o molhe segura uma grande quantidade de
sedimentos.
Caso a previsão se confirme,
sem praias e com as frentes urbanas expostas à acção directa do mar, restará
apenas tentar proteger as frentes urbanas, à semelhança do que já hoje acontece,
por exemplo, na Vagueira. Esta situação comportará uma série de consequências
que não se limitam ao âmbito ambiental: o turismo, por exemplo, sairá
fortemente prejudicado.
Numa reportagem feita pelo
Jornal Público, já há algum tempo atrás, apresentou-se números concretos. Concluiu-se,
na altura, que a costa em causa já havia recuado 73 metros na zona perto de
Vagueira e 120 metros na zona de Esmoriz. No entanto, é bem possível que estes
números já se encontrem desactualizados: os investigadores pensam que os
valores médios de recuo da linha de costa, naquela zona, rondam aproximadamente
os 3 metros por ano.
Para concluir, importa
referir que esta é uma situação que se vive no Norte mas que infelizmente
representa bem a realidade do resto do país. Estamos, de facto, perante uma situação
preocupante - a nível ambiental mas não só.
Filipe Valentim Ramos, 4º ano Subturma 3
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