terça-feira, 23 de abril de 2013

A terra prometida




Construir uma ilha habitável a partir de plástico recolhido nos oceanos, eis aquilo a que se propõe uma equipa de arquitectos holandeses. O nome do projecto é elucidativo quanto àquilo que está em causa: a Recycled Island terá 10.000 km² e o objectivo é alterar a natureza dos resíduos de plástico (lixo) para material de construção, reciclando-os e transformando-os numa entidade flutuante.

A nova ilha será construída no Giro do Pacífico Norte, entre o Havai e São Francisco, e exigirá aproximadamente 1.000.000.000 toneladas de plástico reciclado. A localização não foi escolhida por acaso: é aí que se encontra a maior concentração de lixo oceânico do mundo – um amontoado de detritos do tamanho, diz-se, do território de França e de Espanha juntos – por força de quatro correntes oceânicas que ali se conjugam, formando um vórtice em constante circulação no sentido dos ponteiros do relógio. Mais do que reinvindicativa, a escolha do local reveste-se de uma importância prática que confere coerência ideológica ao projecto: reciclando e construindo directamente no sítio onde existe a maior concentração de lixo oceânico, os transportes de longo curso são evitados e toda o transporte de materiais é reduzido ao mínimo.

Para além do óbvio apelo à urgência de reciclar e limpar os nossos oceanos da enorme quantidade de lixo plástico existente, a equipa por trás do projecto vai ainda mais longe, assumindo como um dos objectivos do mesmo a criação de um habitat auto-sustentável, que reúna todas as condições indispensáveis à vida humana dentro dos padrões das sociedades actuais. A ideia surgiu como reacção a dois problemas: a poluição dos oceanos e a crescente escassez de terra fértil. Da minha parte, perante um projecto holandês, não posso deixar de notar a ironia de se investir na avaliação do potencial para se viver sobre água, face à problemática da subida dos níveis da água nos Países Baixos.

 
Fonte: www.recycledisland.com


Filipe Valentim Ramos, 4º Ano subturma 3 

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