sábado, 30 de março de 2013

O caminho da submersão



"À medida que o nível médio das águas do mar sobe, Tuvalu vai sofrendo inundações e o aumento da erosão costeira. Bem antes da submersão, as condições de sobrevivência no país já começaram a estar comprometidas, pois a intrusão da água salgada contamina o solo e a água potável, prejudicando a produção de alimentos. 
A situação é tão grave que já existe inclusive um acordo com a Nova Zelândia para que esta receba os habitantes do arquipélago. Válido desde 2002, o acordo permite que 75 pessoas por ano se fixem no território neozelandês; em caso de submersão total, a Nova Zelândia acolherá a restante população, na sua maioria de origem polinésia. Preocupado com o futuro do seu país, foi o primeiro-ministro de Tuvalu que solicitou ao governo da Nova Zelândia abrigo para o seu povo. Com isso, criou uma questão inédita para a diplomacia mundial: o que fazer com os refugiados ambientais resultantes do aquecimento global? Receosa de abrir um precedente perigoso, a Nova Zelândia concordou em criar aquele programa de imigração para tuvaluanos, mas fez questão de deixar claro que a iniciativa não se baseava no problema ambiental, mas sim num antigo elo entre os dois países. A ressalva tem lógica. Nenhum governo quer tornar-se no salvador das nações alagadas.
Apesar de Tuvalu ser o primeiro país cujo povo será obrigado a fugir por conta da elevação do mar, o seu problema não é o único, nem o mais complicado. A logística para deslocar cerca de 11 mil pessoas é até simples, mas o que será feito quando o mar atingir outras ilhas e regiões costeiras de baixa altitude com milhões de habitantes? Estima-se que o próximo país a ser atingido sejam as Maldivas, com cerca de 1200 ilhotas, muitas a menos de 2 metros acima do nível médio das águas do mar, mas com 300 mil habitantes.

Adaptado de Época, 28/07/2003, e Visão, 22/03/2007."

in Arinda Rodrigues e João Coelho, Viagens, Geografia, Contrastes de Desenvolvimento e Ambiente e Sociedade, Texto Editores


Marta Pratas, nº18296

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